terça-feira, 25 de outubro de 2011

Não sou familiar do Paulo Bento, mas...

...há muita gente que me diz que transmito tranquilidade.



Hoje em dia, com tanta coisa a acontecer e a um ritmo alucinante, a paz e a tranquilidade são oásis autênticos que todos almejam.



Eu digo que não é muito difícil de alcançar. Se nos esforçamos por treinar o corpo para ficar em forma, este é um exercício que treina os nossos "egos" para os equilibrar.



Em primeiro lugar, temos de ser condescentes qb connosco próprios. Eu tenho alturas em que me passo - como toda a gente, aliás -, mas relativizo as coisas. Não sou perfeita, não espero que os outros o sejam, portanto, relax. É óbvio que isto não pode significar desleixo connosco. Os nossos defeitos não são drama nenhum, mas são meios de nos conhecermos a nós mesmos, os degraus que em que temos de pôr o pé para crescer. Essa história do "eu sou assim mesmo, ponto final" é muito bonita e tal, mas é uma armadilha porque nos leva a estagnar como pessoas. Acontece que somos seres dinâmicos, precisamos mesmo de crescer, de sair da nossa zona de conforto.



Depois, temos de nos focar no que é realmente essencial. O facto de nunca ter tido uma vida abastada materialmente, e de ver, pelo exemplo dos meus pais, que isso não os impedia de ser felizes, ajudou-me muito a ter os pés no chão e não sonhar alto demais. Não se trata de ter baixas expectativas, mas sim de aprender a não esperar sequer. Isto é a coisa mais difícil que um ser humano pode fazer, porque naturalmente fazemos planos, programas, idealizamos coisas. Acontece que a vida é lixada e não se compadece do que possamos ter delineado. Isto não quer dizer que não devamos fazer projectos. Não se pode é construir castelos no ar. Ter um projecto a dois - um casamento, por exemplo - não é sonhar com a vida perfeita do happy ever after, mas sim esforçarmo-nos por que se concretize a cada dia, dando-lhe a prioridade devida. Resume-se a isto: não é o que a vida te dá, mas o que podes dar à vida. Não há fatalidades: há escolhas. E consequências para essas escolhas.



Em tempos de crise, isto parece-me fundamental. É verdade que não há dinheiro, mas ainda assim temos a liberdade de escolher entre ficar na merda - porque "a vida foi madrasta e aquilo que eu queria não posso ter"- e reformular o que é essencial: apreciar o último modelo do iPhone, ou tempo com os meus filhos e cônjuge? É um lugar comum dizer-se isto, que a palavra "crise", em chinês, tem um caracter que significa "oportunidade". Quem sabe se não estamos perante a oportunidade de nos apercebermos do que é realmente importante? Mas, lá está, para isso é preciso não estarmos agarrados ao que estávamos à espera, aos nossos planos. É mesmo "o que posso dar à vida" em vez do "o que pode a vida dar-me a mim". É evidente que isto não quer dizer que esqueçamos a crise e o que a motiva, e que nos deixemos de indignar com o que fazem em nome dela. Mas...é relativizar um pouco isto também. Se a crise nos deixa pouca margem para nos governarmos materialmente, se calhar é porque, antes de ela surgir, dávamos demasiada importância a coisas supérfluas. Os tempos são outros, e requerem outra resposta da nossa parte.



Parecem verdades La Palisse, clichés, psicologia de trazer por casa, whatever...mas são coisas que tento aplicar na minha vida.



Acho que vale a pena.



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